Cerca de 60% dos 27 milhões contribuintes deixam para fazer a entrega da declaração do Imposto de Renda no mês de abril, e 30% o fazem na última semana do prazo. Na reta final, com 8 milhões de pessoas tentando a transmissão, o site da Receita Federal acaba travando com a enxurrada de declarações. Para suportar essa carga, foram feitos investimentos adicionais e reforço na infraestrutura. Este ano, o Serpro assegura que haverá capacidade suficiente, mas Marco Mazoni, diretor-presidente da empresa, ressalta que não se trata apenas de problemas na infraestrutura afetando a disponibilidade do serviço.
No ano passado, o birô federal promoveu a virtualização de servidores, o que agregou mais 3 mil servidores virtuais aos 5 mil servidores físicos já existentes. Em 2014, os circuitos com diferentes operadoras foram duplicados, e os dispositivos de segurança - como firewalls e anti-DDOS (ataque de negação de serviço) - foram reforçados. Mazoni assegura que o que trava os sistemas são fatores externos à infraestrutura disponibilizada para a Receita Federal, que tem com o Serpro um contrato de R$ 1,011 bilhão.
“O ambiente do site da Receita Federal para entrega das declarações é isolado do site de onde é feito o download do sistema. Se houver um excesso de download, não vai afetar o site de recebimento, no qual nunca atingimos 70% da capacidade”, garante Mazoni. E por que então há lentidão e travamento? Ele explica que, muitas vezes, o gargalo está no provedor ao qual o contribuinte está ligado, que não tem capacidade suficiente na comunicação com a Receita.
“As pessoas experimentam lentidão porque nem sempre os provedores estão preparados para uma carga massiva adicional nos últimos dias. O que podemos garantir é que, se um conjunto de declarações enfileirou no provedor, vamos continuar recebendo mesmo após o prazo, para garantir o direito do contribuinte que enviou a declaração antes da meia-noite”, observa.
Mazoni acrescenta que o problema quase sempre também é decorrente de medidas de segurança para evitar os ataques massivos de negação de serviço que se intensificam nos últimos dias do prazo final. Se um endereço IP dispara um conjunto de carga de negação de serviço, o provedor é bloqueado.
“O nosso cuidado é também externo à nossa infraestrutura. Um provedor pode enviar milhares de acessos por segundo via DDOS, um ataque que é captado por nossos dispositivos de segurança. A cada ano, o site de download é atacado por negação de serviço, e isso pode gerar lentidão. Se identificado o ataque vindo de um provedor, ele vai para a quarentena até que a ameaça seja controlada”, conclui.
Fonte: Valor Econômico
Por Carmen Nery | Para o Valor
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