No Brasil, só
a Linx abriu capital, levantando US$
231,1 milhões. Há outras três na fila, mas cenário é incerto.
A ligeira
recuperação das bolsas mundiais no início do ano levou as empresas a tirarem
do papel os planos de abrir capital. De janeiro até 19 de março, foram
captados US$ 16,3 bilhões, montante 43% superior ao do mesmo período do ano
passado. Apesar disso, o número de ofertas públicas iniciais (IPOs, Initial
Public Offering) caiu de 143 para 116 no período, segundo dados da Thomson
Reuters divulgados ao Brasil Econômico. Ricardo Torres, diretor da Norfolks
Advisory, explica o aumento do volume captado e a queda do número de operações
pela maior seletividade dos investidores, devido ao cenário adverso. "Em
um cenário mais estável, um número maior de empresas recorreria ao
mercado", pondera.
A situação no
Brasil é bem pior do que a verificada no resto do mundo, em que reina o
otimismo. No país, de janeiro até 19 de março foi identificado um IPO, da
operadora de software Linx, de Us$ 231,1 milhões. A bolsa brasileira
registrou de janeiro até sexta queda de 9,37% em seu principal índice, o
Ibovespa. Neste ano, ainda aconteceu no Brasil o IPO da Sênior Solution, que
movimentou R$ 62,1 milhões, mas que não está na lista por fazer parte do
Bovespa Mais, segmento de acesso à BM&FBovespa. Além disso, espera-se para
este ano no país a abertura de capital de BB Seguridade, Mul- tiplus e Smiles,
programa de milhagem da GOL. "A situação está muito crítica e acredito
que essas empresas terão dificuldades em fazer a operação", diz Torres.
"Os investidores acham que o custo brasileiro está muito alto", diz
Bernardo Mariano, analista de bolsas da Equity Research Desk.
O economista
Ricardo Amo- rim sentiu isso em seus negócios: no ano passado, assessorava
por mês seis clientes que queriam entrar no país, enquanto neste ano a média
está em dois ao mês. "Precisamos de menos interferência política, ou que
o governo dê um sinal claro de que quer o setor privado como parceiro
importante no processo de desenvolvimento. Até agora, ele deu sinal de que
ele mesmo quer comandar isso."
O que pode
agravar a situação brasileira é a possibilidade de alta no juro básico, que o
mercado espera para maio. Em busca de mais retornos, os investidores migrariam
para a renda fixa. Em meio a este cenário, há quem ainda seja otimista quanto
ao cenário brasileiro. "O ano passado foi muito ruim no quesito abertura
de capital e já escutei estimativas de 10 a 15 operações de bancos de investimento
para este ano", diz Claudio Yamashita, diretor da Intralinks para a
América Latina.
Entre os IPOS
globais, os Estados Unidos lideraram a lista, com 24 operações que levantaram
US$ 6,67 bilhões. Em segundo lugar, está o Japão, onde foram realizadas 15
transações que captaram US$ 1,80 bilhão. "Sempre que a bolsa está em
alta, mais IPOs acontecem, ao contrário de quando ela está em baixa. Por isso,
o volume das captações nos Estados Unidos e Japão foi maior", afirma
Amorim. De janeiro até sexta, o índice Dow Jones subiu 10,74% e o índice
Nikkei, 18,69%. Acontinuidade do cenário positivo para as bolsas depende,
segundo Amorim, de uma recuperação mais consistente da economia chinesa, de
uma estabilidade da crise euro- peia e de uma saída para a situação fiscal dos
EUA.
Alex Ibrahim, vice-presidente e chefe regional
para América Latina da Nyse Euronext, diz que a quantidade de empresas
recorrendo às bolsas tem sido pouca, mas que o cenário deve mudar. "A
partir de abril vamos começar a ter um número de transações maior, quando as
empresas reportam o resultado completo do ano anterior, mas tudo isso
dependerá do que acontecer no mundo." A Nyse está em conversa com diversas
companhias para abertura de capital. No ano passado, o grupo foi líder em
IPOs, com 120 ofertas que somaram quase US$ 37 bilhões, enquanto a Nasdaq levantou
US$ 23,4 bilhões em 65 operações. "Temos diálogo muito grande com
companhias não só dos Estados Unidos como do mundo inteiro", diz. Sobre
a América Latina, Ibrahim afirma que a primeira abertura de capital vai sair
no início de abril.
Fonte: Valor Econòmico, em 25/03/2013 via Ministério da Fazenda.
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